Os desfalques no Sistema Financeiro, por meios de financiamentos e empréstimos firmados em bancos, são responsáveis por rombos milionários, segundo a Polícia Federal. Os contratos corrompidos, "feitos para não serem pagos", como definiu um investigador federal, são responsáveis pelo sumiço de muito dinheiro dos cofres público. No Ceará, a nova Delegacia de Combate à Corrupção (Delecor) da PF, inaugurada em abril, já tem 400 inquéritos instaurados que apuram estas fraudes.
O delegado Janderlyer Gomes de Lima, titular da Delecor, disse que, embora a Caixa Econômica Federal (CEF) seja alvo de diversos inquéritos, a maioria dos casos envolve o Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Segundo ele, os recursos ligados aos convênios do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) são os mais desviados pelos corruptos. Ele ressalta que algumas das investigações realizadas pela Delecor são referentes a transações autorizadas por gestões passadas.
O delegado revelou que em 2017 deve haver um avanço grande na apuração de crimes financeiros, que envolvem dinheiro público, no Estado. Segundo ele, alguns servidores dos bancos, que podem ter agido de forma ilícita, estão sendo investigados. "Os nossos alvos são principalmente quem tem poder de decisão sobre as operações. Em um banco tem muita gente, mas nem todo mundo tem poder de decidir sobre grandes operações. A maior parte dos investigados está nas diretorias e nos comitês de operação de crédito. Não podemos dar detalhes de nenhuma das investigações, porque elas estão em segredo de Justiça", declarou.
Segundo Janderlyer Lima, é preciso que as análises da Polícia sejam feitas com muito cuidado, porque um grande desfalque pode estar escondido em uma sequência de operações menores. "Há fraudes pequenas que somadas chegam aos milhões, como ocorreu no esquema apurado na Operação 'Gremlins'. Neste caso, as fraudes somadas envolvem R$ 33 milhões e para se chegar a este montante foram realizadas 1.771 operações ilícitas junto ao BNB".
O investigador afirmou que os desfalques apurados no banco são considerados altos. "Um dos casos que investigamos envolve uma só operação de crédito realizada no BNB que chega a R$ 130 milhões. Há muitos empréstimos e financiamentos que não são pagos. Deixam de ser pagos porque já estava na cara desde o começo que não seriam. Não foram concedidos segundo as regras desde a contratação", explicou Lima.
BNB
Por meio de nota, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) informou que "desde a posse da atual diretoria, em maio de 2015, o Banco do Nordeste, em atendimento às recomendações dos órgãos de controle, vem dando toda a prioridade no sentido de apurar eventuais responsabilidades nas operações em questão".
A Instituição informou também, que os trabalhos de investigação feitos pelo banco foram comunicados tempestivamente ao Ministério Público Federal, ao Ministério Público Estadual, ao Tribunal de Contas da União e à Controladoria-Geral da União, na época em que ocorreram as denúncia.
Diário do Nordeste
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