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Foto: Thiago Gadelha |
Apesar da decisão da Justiça suspendendo a greve do magistério estadual, o movimento paredista continuará nesta segunda-feira por decisão de professores e alunos. Ontem, o Sindicato da categoria informou que só hoje haverá uma reunião para decidir o dia e o local da assembleia para discutir o retorno ou não às aulas. Os estudantes disseram que continuam ocupando as
unidades escolares até ser atendida a pauta de reivindicações.
A suspensão da greve se deu por decisão do desembargador Durval Aires Filho, do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJ-CE), que determina o retorno ao trabalho 72h, após a notificação, sob pena de pagamento de multa de R$ 3 mil por dia de descumprimento. Enquanto isso, estudantes dizem que, além da greve, o movimento de ocupação é um ato de protesto contra o sucateamento da escola pública.
A Associação dos Professores de Estabelecimentos Oficiais Ceará (Sindicato Apeoc), destacou que a categoria ainda não foi notificada. Mesmo assim, haverá reunião hoje, na Central Única dos Trabalhadores (CUT), às 17h, para deliberar sobre a assembleia para a apreciação da decisão judicial. Além disso, informou que está mantido ato público para a próxima quarta-feira na sede administrativa do governo do Estado, no Cambeba.
Já os estudantes que ocupam escolas estaduais dizem que independentemente da decisão dos professores, o protesto dos alunos deve continuar até que sejam atendidas as principais reivindicações estudantis, como melhoria da infraestrutura das escolas, reajuste do valor unitário da merenda escolar e o passe livre nos transportes urbanos.
No Centro de Atendimento Integrado à Criança (Caic) do Bom Jardim, o estudante Luiz Gustavo de Souza reiterou que o movimento persiste, inclusive sendo fortalecido com maior adesão, não apenas de alunos da própria escola, como de outras unidades mantidas pelo Estado na Capital. O Caic está ocupado há 11 dias e iniciou o processo, constando, hoje, segundo as lideranças, de 11 escolas ocupadas.
Luiz Gustavo disse que houve curto-circuito na instalação elétrica, os alunos passaram dias sem água e a unidade requer reforma urgente, daí a necessidade de que o ato não sofra descontinuidade, a fim de sensibilizar.
No Liceu de Messejana, a estudante Ana Paula de Sousa, 18, explicou que a ideia da ocupação não tem relação com vandalismo. "Na verdade, queremos uma escola melhor, com professores motivados e com qualidade no ensino", disse. Segundo ela, há 25 estudantes dormindo em compartimentos improvisados. Informou que houve intimidações, com o ouso de força para expulsar os ocupantes, mas o movimento se mantém.
Na Escola de Ensino Fundamental Adauto Bezerra, no bairro de Fátima, há uma estimativa de avanço nas mobilizações, segundo Diego de Oliveira, aluno do 3º ano. Ele explicou que o uso das redes sociais e até mesmo a imprensa têm ajudado na conscientização de pais e de outros setores da sociedade sobre a o posicionamento estudantil.
Os professores da Rede Estadual de Ensino decretaram greve geral por tempo indeterminado no dia 20 de abril. Na pauta de reivindicação está o pagamento do reajuste geral dos servidores de 12,67%, respeitando a data-base de 1º de janeiro.
Por nota, a Seduc "reforça que está aberta ao diálogo com professores e alunos" e que "não impedirá o acesso de alunos à escola, desde que haja respeito ao patrimônio, destacando que, pelo Código Civil, "os pais são responsáveis legais por quaisquer atos de seus filhos".